segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Gente que...

Houve um período em que a Internet era uma ferramenta desconhecida e excitante. Tudo era novidade, tudo era muito lento e mesmo assim era muito divertido ver páginas em texto plano, html puro, carregando 1KB por vez. Um tempo onde ter e-mail era digno de por no currículo e não havia essa onda de 'serious business'.

Nessa época era comum levar comportamentos do mundo offline para a Internet. Sendo assim, grupos eram formados on-line partindo de coisas que as pessoas compartilhavam offline. Mas aí a Internet se popularizou, virou serious business, a coisa toda evoluiu, cresceu demais e vieram multimídia e redes sociais. E aí o processo todo se inverteu (ou subverteu).

Hoje as pessoas trazem para as ruas os comportamentos que possuem na Internet. Os grupos que nascem online, são formados através de características em comum que os participantes possuem apenas dentro da Internet. Não sei até que ponto isso faz parte da nossa evolução ou involução, mas é no mínimo preocupante, pois a Internet ainda permite às pessoas uma certa dose de anonimato e impunidade.

O Twitter com seus quase 200 milhões de usuários extrapolou qualquer previsão mais otimista acerca da ferramenta. A rede social de mensagens curtas virou e-mail, chat, mural de recados, fonte de (des)informação, notícias e qualquer outra coisa que você imaginar através de serviços secundários associados à ferramenta principal. E diversos comportamentos demonstrados offline são replicados no microblog.

O problema começa quando comportamentos ruins são replicados, como racismo ou homofobia. É absurda a quantidade de mensagens de incentivo ao ódio e a discriminação de classes ou raças. São pessoas formadas, instruídas, pregando separatismo de estados, regiões e xenofobia. Todo mundo tem preconceitos, todos eles muito bem guardados em nossa consciência. É hipocrisia dizer que não temos, no caso do Twitter é aí que entra o "gente que".

Até onde o "gente que" é piada e até onde é preconceito (não mais) velado? Difícil achar esse ponto de equilíbrio entre o que é uma piada boba ou algo que temos guardado dentro de nós. Parar de usar o 'gente que' é policiar demais e deixar as coisas chatas, mas aloprar também não funciona.

Gente que lê esse blog. O que vocês acham disso?

4 Comentários:

Unknown disse...

Para o bem e para o mal, vou juntar Flusser com Baumann > A noção de que internet não é materialidade é tão antagônica à realidade quanto a de que energia não é matéria. Isso posto, nossa exposição de humanidade aflora também nesse meio em todas os seus modos de "in-formar" o que somos. Infelizmente não é sempre bonito. É apenas o que somos.

Geraldo - S&H disse...

Olá Marcel,

Sofri isto no meu blog que divulga a minha opção religiosa. Nada tenho contra a crença dos outros, mas eram de tal maneira agressivos e desrespeitosos que simplesmente passamos a moderar todos os comentários, mesmo assim tentavam diariamente, destilar seu ódio e preconceito. É a face mais cruel que torna os anônimos corajosos e com comportamentos covardes.

Não vou jogar confete aqui, mas teu texto é lúciodo e brilhante.

Abraço

Anônimo disse...

Marcel,


As pessoas acabam mostrando aquilo que realmente são. Sabemos que temos nossos pensamentos malignos, nossos preconceitos e nossas opiniões que nem sempre são boas, mas enaltecer e revigorar essa situação é complicado.

A internet está nos moldando, também ando preocupado com isso.

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